quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Heroi do Anonimato



O acampamento estava agitado naquela tarde de segunda-feira, 5 de junho de 1944. Nosso superior acabara de nos comunicar do plano de invasão que seria executado no dia seguinte, logo cedo. Uma invasão que, provavelmente, acabaria com a guerra. Isso deixava nervoso a todos no acampamento. Os mais jovens com seus dezoito, dezenove anos, garotos em sua mais tenra juventude se desesperavam. Alguns falavam em desertar, fugir por suas vidas antes que fosse tarde. Outros se animavam com a idéia de servir a pátria, sem sequer suspeitarem dos horrores da guerra. Os mais velhos faziam piadas para espantar o medo. Muitos fumavam. E outros, como eu, apenas ficavam calados. Aproveitávamos o tempo de sossego que ainda tínhamos.
Fomos para a cama cedo naquela noite, mas não conseguíamos dormir. Pensávamos em nossas famílias e amigos, tão distantes em casa esperando por notícias. Imaginávamos como seria o dia seguinte, se mataríamos ou seriamos mortos, e quem, no fim do dia, iria se deitar para dormir novamente.
Acordamos cedo, antes do nascer do sol e entramos em barcos. Olhei para o céu ainda escuro enquanto atravessávamos o canal da mancha.O barco dava solavancos  enquanto cortava as ondas com seu casco de metal. Normalmente barcos me davam enjôo, mas hoje o nervosismo era tanto que não tinha tempo nem cabeça para isso.
 Todos nós temíamos por nossas vidas e queríamos sair daquele caixa de metal infernal que nos levava em direção à morte.Mesmo assim tentávamos permanecer imóveis e manter a calma.
Ao meu redor, dezenas de soldados, quietos e tensos, segurando suas armas. Percebi que o rapaz ao meu lado, um menino louro e franzino que - apesar de seus dezoito anos, não aparentava ter mais que quinze- tremia violentamente com sua arma em punho. Essa era a maior empreitada dos aliados desde o começo da guerra. Nossos superiores ,em uma tentativa de nos encorajar, haviam dito que entraríamos para a historia, mas todos sabíamos que a grande maioria de nós, iria morrer na praia.
       O sol começou a nascer naquela fria manhã de terça-feira. Nos aproximamos da praia de Saint Laurent e começamos a perceber o inferno ao nosso redor. Os aviões alemães sobrevoavam nossa frota e lançavam suas bombas. Nós as ouvíamos explodir em volta. Não sabíamos se nossos amigos nos outros barcos haviam sido atingidos, e não sabíamos se seriamos os próximos.
Também havia os tiros, que vinham das casamatas alemãs e que se faziam ouvir quando as balas se chocavam com a parte da frente da embarcação. O barco parou. O rifle tremeu em minhas mãos tanto quanto na do meu companheiro ao lado, então segurei-o com mais força. Respirei fundo e pensei na morte que espreitava. A frente do barco se abriu e uma rajada de balas entrou por ela, zunindo como abelhas em nossos ouvidos, matando dezenas de companheiros, antes mesmo desses saírem do barco. Aqueles que conseguiram, saltaram do barco para a água fria.
      Nadei. Ao sair da água batia o queixo de frio pelo contato com a água gelada e vi que na praia, o horror já havia começado. Corpos de companheiros caídos se espalhavam por toda a areia manchada de vermelho pelo sangue. Atirávamos com nossas M1 Garand em direção aos inimigos que contra-atacavam com suas metralhadoras e seus fuzis. Avancei e dei alguns tiros em direção a um inimigo. Acertei um jovem alemão, talvez tão inexperiente quanto eu, na cabeça. Um nó se formou em minha garganta, mas não havia tempo para sentir-me mal. Balas continuavam a passar zunindo perto de mim. Pulei no chão e rastejei alguns metros  na areia fina. Então decidi me levantar para que pudesse me posicionar para um bom tiro. Um erro bobo! Enquanto eu mirava em um alemão que estava logo a minha frente, outro que eu não havia visto e que estava a minha direita, atirou e me acertou. A bala de seu fuzil atravessou o ar e atingiu-me no peito.
       Cai de costas na fofa areia da praia. A M1 ao meu lado. Levei a mão ao ferimento e senti o buraco em meu peito. Com muito esforço, olhei para o sangue e, estranhamente, não me desesperei. Não sentia dor, apenas dificuldade de respirar. Olhei para cima, para o céu cinzento. Os sons de tiro e das bombas, me pareciam distantes agora. Levei a mão ao bolso da calça e retirei minha carteira e de dentro desta tirei uma foto onde minha esposa segurava nossa filha de três anos. Uma grossa lagrima rolou pela lateral do meu rosto. Não chorava por minha morte eminente, mas por minha esposa agora viúva  e por nossa filha, que ficaria sem o pai. Respirei o mais fundo que pude, e fechei meus olhos com uma ultima lagrima correndo por meu rosto, minha mão desabou ao lado do corpo derrubando minha preciosa foto na areia, e com a imagem delas em mente, eu, simplesmente, morri.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

O porquê desse blog

Olá a todos, meu nome é Marcio Luis Dian Junior, e uso aqui o nick de "piradinho". Esse é um nick que escolhi já a algum tempo e a sua razão se perdeu. Enfim o intuito desse blog é apenas postar alguns contos e estorias que escrevo para me distrair. Nada de muito bom, ou muito inteligente. Talvez vocês gostem, talvez não. Eu mesmo não estaria fazendo esse blog, se não fosse um pedido da minha irmã. Pelo sim, pelo não aqui está ele. Não sei qual será a frequência de postagens nele. Se vocês gostarem, sintam-se a vontade para divulga-lo, se não gostarem, não culpo vocês. Eu mesmo não gosto de 90% do que escrevo. Então é isso, este é o inicio de um caminho que não sei onde leva. Só me resta trilha-lo.